Ministro em Alter do Chão: “Tudo que é bom vem lá de fora…” Por Wallace Sousa

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Ministro em Alter do Chão:
O ministro e os manifestantes em Alter do Chão

O episódio com o folclórico ministro da Educação, Abraham Weintraub, em terras Borari despertou mais uma vez o preconceito e o caráter subserviente de alguns nortistas.

Já diria a banda Mosaico de Ravena em sua imortal interpretação de Belém-Pará-Brasil: […a culpa é da mentalidade/Criada sobre a região (…) Chega das coisas da terra/Que o que é bom vem lá de fora…]

Wallace Carneiro Sousa
Wallace Sousa (*)

De fato, ninguém gosta de ser incomodado em momento de lazer e com a família do lado.

Óbvio que aqueles preocupados com a venda do turismo irão se incomodar com o acontecido. Que um reitor tome as dores do ministro para sair bem na foto e com isso não ter seus projetos e aspirações anda mais prejudicados por um governo que é inimigo das universidades.

Que blogueiros, apresentadores sensacionalistas e disseminadores de ódio e do preconceito logo se arvorem para condenar a parte mais fraca da relação [o povo], esses sãos mais esperados.

O que não se espera é que um público do mais alto escalão da istração pública brasileira e ministro da Educação se comporte tão infantilmente com as críticas – comum aos homens públicos –, subindo em cadeiras, gritando, tomando o microfone do cantor e ando a baixar o nível da manifestação… causando uma verdadeira balbúrdia.

 

Aliás, que ministro barraqueiro! A sagacidade e a inteligência de um político aram a léguas dele, quem sabe Helder [Barbalho] não lhe possa fazer um coaching? #Ficaadica.

Que a manifestação tenha incomodado: ok, mas em geral, esse é o objetivo. Que ele estava em momento de lazer com a família, ok, porém ele não é um de nós, goza de bônus de ser uma alta autoridade [inclusive ferrando com nossa educação], mas naturalmente tem o ônus de ser cobrado como qualquer autoridade, e, quanto mais alta a autoridade, mais críticas e íveis de manifestações serão.

E as manifestações em públicos conta a ex-presidenta Dilma, inclusive com manifestações machistas que a ofendiam em sua dignidade, causaram repúdio nos senhores? É claro que não, ela era mulher… S E L E T I V I D A D E.   P R E C O N C E I T O.

 

Já ia esquecendo: vocês não notaram que esse homem branco veio lá de fora para chamar um amazônida borari de “babaca”? A pergunta é: por que essa tamanha afronta à nossa terra, à nossa origem foi tão esquecida por aqueles interlocutores que apenas enxergaram o incômodo do ministro?

Vou ser mais específico com três atores: por que o prefeito e o vereador não tomaram como insulto o desrespeito com nosso povo? Por que o reitor, que em sua universidade possui fortes ações afirmativas de populações tradicionais e indígenas, não se irrompeu também em defesa dos seus?

Só porque os manifestantes foram mal-educados? Sério?


– * Wallace Carneiro de Sousa é analista judiciário do Tribunal de Justiça do Pará. Escreve regularmente neste blog.

— LEIA também do articulista: A destilação do ódio por conta da palestra de Haddad na Ufopa. Por Wallace Sousa


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8 Responses to Ministro em Alter do Chão: “Tudo que é bom vem lá de fora…” Por Wallace Sousa

  • Queria ver esse mesmo afinco por parte do prefeito com relação ao mercúrio nessa água que o ministro se banhou, aliás pra onde mesmo é lixiviado o veneno da soja? e os “manifestantes que tão gravemente o incomodaram (três meninos, dois cartazes e oferecimento de algumas iguarias) alunos indígenas da UFOPA afetados pela política do MEC que não podem reclamar pacificamente? Por que o prefeito ou o reitor não os defendeu? Os filhos do ministro não podem olhar um cartaz mas os indígenas podem ser violentados, é isso que eles devem entender?
    TODO O RESTO TEM QUE SER CREDITADO A IRA DESMEDIDA DO MINISTRO (é só ver o vídeo na íntegra) foi ele que chamou a atenção quando pegou o microfone do ambiente e ou a tentar criar um fato político com vítimismo, atraiu a atenção da grande maioria que nem sabiam da sua existência no local, foi hostilizado à altura, por turistas como ele inclusive e não ia ficar impune ofendendo a população e os indígenas.
    O gatilho de defesa do prefeito foi o que mais me chamou a atenção:
    Saneamento zero, veneno no rio, casa de político na margem do Lago Verde, ruas esburacadas nos bairros no entorno do centro, nenhum evento para apoiar o turismo local, saúde na vila precaríssima…e o prefeito corre em socorrer o SINISTRO de um governo que tem a política ambiental mais agressiva à Amazônia, sem pudor e sem precedentes.
    Portanto, político CALADO nesse caso já tá errado. (minha opinião)

  • O reitor da UFOPA perdeu a oportunidade de convidar o tão “nobre e educado” ministro da “educação”, para dar um palestra na dita Universidade, e ali debater com os acadêmicos, assuntos relevantes para a educação brasileira.

  • Nossas BRs trouxeram o deserto verde do financamento ruralista do MT. Alter virou prêmio dos que destroem amazonia. Um ministro folclórico não sabe o que é cultura.

  • Funcionários da pref. fazendo pesquisa no bairro Maracanã. Gosta do trabalho do prefeito, do governador, do presidente…

  • Bastava ele falar algo de forma educada e negociadora e pronto, ficaria lá de boa e os manifestantes provavelmente e naturalmente dispersaram. Mas, optou pelo barraco😰👎

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