Meu pai não está no quarto ao lado. Por Alessandra Helena Corrêa

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Meu pai não está no quarto ao lado. Por Alessandra Helena Corrêa

“Vai crescendo, meu filho, com a difícil luz do mundo” (Eugenio de Andrade)

Tuas palavras, Eugénio, reproduzem a voz dos nossos pais. Não raro, ouvimos deles os mesmos dizeres.  De maneira mais rude, talvez; às vezes mais serenamente, pode ser.

Mas eles sempre irão ecoar o sábio conselho.

Hoje, crescida, acordo. E quando finalmente me reconheço, lembro quem sou.

— LEIA também de Alessandra Corrêa: A obsolescência do amor, parte II.

Não, não sou mais menina. E não, meu pai não está no quarto ao lado.

Medo…

A quem vou pedir ajuda quando os pesadelos vierem?! E quando os meus planos derem errado, quem vai me apoiar?!

A certeza de que ao  levantar, pai, tu  estarias  na tua rede a ver o primeiro telejornal, me afagava.  Em mim, a sinergia do contato atmosférico, me enchia os pulmões.

Então eu saia…

É, agora me custa levantar.

No entanto, a certeza da tua existência octogésima, e viril, vivifica meus oníricos dias.

Te abraço em pensamento.

E a quimera que me atormentava, corto-lhe a cauda, é só o monstro mitológico.

<strong>Alessandra Helena Corrêa</strong>
Alessandra Helena Corrêa

Santarena, é graduada em licenciatura plena em Letras (Ufopa). Faz mestrado atualmente em Estudos Literários, Culturais e Interartes na Universidade do Porto, Portugal, onde reside. No Instagram: @alehhelena


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