Juliana estava diferente. Há um bom tempo que ela não conversava como antes com todos da família. Estava mais silenciosa, mais fechada e aparentemente triste. Foi uma mudança radical. Um comportamento bastante incômodo, levando em conta a pessoa que ela sempre foi.
Acostumou a todos com o seu carisma, com o seu sorriso e com a sua alegria. Sempre foi bastante comunicativa e vê-la por perto era algo agradável. Era difícil encontrar quem não a quisesse nas proximidades. Uma menina feito pássaro a voar por esse mundo numa liberdade que fascinava todos que a viam.
— LEIA também de Silvan Cardoso: Padilha preso à cadeira de rodas: o tédio da vida.
Uma jovem que tinha bastante amigos. Nunca negava eio pelas praças, pela orla ou até mesmo pelas ruas. Depois que saía da escola, juntava-se com os amigos em algum lugar público e lá se reuniam para diversão. Eram reuniões de meninos e meninas. Algo que era visto como algo inocente pelas outras pessoas.
— ARTIGOS RELACIONADOS
Claro que num momento ou em outro ela “ficava” com algum rapaz. Não tinha o desejo de namorar, mesmo com seus 18 anos alcançados há poucos dias. Com suas amigas compartilhava segredos ou qualquer outra ocorrência que fosse servir para uma conversa entre mulheres. A moça era uma companhia indispensável para quase todos os instantes.
Mas, de repente, Juliana apareceu diferente. Falava pouco e sorria pouco. Já não ia ear com todas as amigas. Os segredos eram apenas com algumas. Parecia que ela tinha selecionado poucas pessoas para manter contato social. Ninguém da família tinha esse privilégio como essas pessoas. Embora todos percebessem o quando ela estava estranha, ninguém tinha a coragem de perguntar o motivo. Sentiam medo da jovem.
ou do nada a utilizar uma cinta. Na escola percebiam a estranheza. Juliana já estava no terceiro ano do ensino médio. Mas a menina de antes, genial, empolgada e estudiosa, parecia se perder aos poucos. E tudo isso sem qualquer explicação sobre a tal mudança. O que estaria acontecendo? O que estaria por vir? No auge de sua juventude, a pequena mergulhava numa seriedade misteriosa e destrutiva. Destrutiva pra ela ou pra quem sentia por ela as consequências de tamanha mudança.
Havia momentos em que ela não estava bem de saúde. Algumas vezes demonstrava alguns sintomas característicos de doenças. Mas raramente contava para algum familiar o que sentia de ruim. Até mesmo na hora do banho agia distintamente, muito distante da moça que saía do banheiro de toalha e demonstrava seu senso de humor. Entretanto, nos últimos tempos, assim que terminava de se banhar, saía toda arrumada de dentro do banheiro. Ela não era acostumada a fazer isso e todos, claro, questionavam essa atitude diferente. Saía do banheiro, sempre utilizando a dita cinta colocada em sua barriga, que tinha pedido há alguns meses na conta de seu pai.
Certo dia, Juliana começou a sentir na barriga fortes dores. E seus parentes agiram rapidamente para chamarem uma ambulância. Mas ela não queria que chamassem ambulância. Ela afirmava que aguentaria as dores e que isso tudo logo iria ar. Sua mãe não aceitou essa desculpa. Assim que a ambulância chegou, levaram a menina, que gritava aos prantos as fortes dores em sua barriga. Antes de encaminharem ela para o hospital, trataram de retirar a cinta, usada todos os dias desses últimos tempos em que ela ou a ficar estranha.
— CONFIRA também de Silvan: Dinaor, o patroleiro que faz história, sob piçarra, das ruas de Santarém.
Algumas horas depois de terem levado Juliana para a sala de cirurgia, fato que deixou a família num desespero imenso, o médico se aproximou sorrindo para a mãe da jovem. Sem rodeios, foi logo dizendo: “Parabéns! A criança nasceu bem. É um menino!” Todos ficaram boquiabertos. Como ela poderia estar grávida?Pensavam que se trava de uma piada do médico, contudo, entenderam que ele estava mesmo falando sério.
Seria possível ela estar grávida durante todos esses meses sem que sua barriga crescesse? Afinal, eram mínimas as mudanças em seu corpo. O pai logo lembrou que menos de 9 meses atrás ela tinha lhe pedido uma cinta, sem qualquer explicação do motivo pelo pedido. Todos os dias era usada. A cinta ajudava a esconder a barriga da grávida. Talvez o pior de toda essa história ainda estaria por vir.
Foi interrogada sobre quem era o pai. Depois de muito negar que iria dizer, finalmente respondeu: era um homem casado. Envolveu-se num relacionamento proibido e perigoso. E ela mesmo tinha planejado que iria dar à luz sozinha, longe de qualquer pessoa, para abandonar ou doar o recém-nascido e não dar nenhum sinal do que teria acontecido. Mas o plano falhou.
Ela foi mergulhada ainda mais na tristeza. Não poderia contar com o pai da criança. A família e alguns amigos estavam impactados com o ocorrido. Interrompeu os estudos e precisou dar mais atenção ao seu bebê, o bebê que ela não queria. Envergonhada com tudo o que tinha acontecido, Juliana chorou e ficou se perguntando: “O que será de mim agora?”.
Deixe um comentário