Epístola à Raimunda Monteiro

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por Álvaro Cunha (*)

Álvaro CunhaExcelentíssima Sra. Profa. Dra. Raimunda Monteiro — Magnífica Reitora da Universidade Federal do Oeste do Pará:

Eis que a comunidade acadêmica da Ufopa depositou — em seus cuidados — todas as aspirações, expectativas e responsabilidades duma universidade cuja bússola está completamente desnorteada.

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Atenção, santarenos!
.

Aqui vão alguns mandamentos de prosperidade para que tudo lhe incida bem:

1. Seu labor andará, dia após dia, no fio da navalha, entre o mel e o fel. A Magnífica Reitora não oscilará nem operará com sombra de variação nos eventos que parecem comuns aos mais custosos desafios que o posto demanda;

2. Não se levará pelo afã da conjuntura, pois virão até V. Mag.ª mulheres e homens vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores;

3. Insisto em que jamais siga a multidão, a massa ignorante que não tem nada na cabeça. Eles perderam o contato com a própria realidade. Não conseguem mais pensar direito. Parecendo uns zumbis, são obcecados e viciados em todo tipo de infecção;

4. A desculpa da ignorância não vale mais, tudo — e quero dizer tudo mesmo — que está ligado àquele velho estilo de vida tem de ser abandonado. É pura podridão. Doideira total. Saia fora;

5. Tenha um estilo de vida totalmente novo, zerado — uma vida planejada, renovada a partir de dentro;

6. Nada de mentiras, fingimentos. Somente a verdade, doa a quem doer. Se V. Mag.ª mentiu para alguém, esteve mentindo para si própria;

7. É natural ficar com raiva, anormal é irar-se. É claro que todos sentimos raiva. Mas não alimente vingança no coração. Não deixe que a raiva domine muito tempo. Resolva o problema antes de cravar os olhos no teto de seu quarto;

8. Não dê mole para o Inimigo. Não deixe que ele prejudique sua vida;

9. Tenha cuidado com a maneira de falar. Nunca saia de sua boca nenhuma besteira ou baixaria. Fale apenas o que é útil e que ajude os outros. Cada palavra sua deve ser como aroma agradável; e

10. Nada de conversa profana, difamadora e nociva. Seja gentil e sensível ao próximo. Perdoe aos outros — perdão total e incondicional.

Por fim — um conselho — não um mandamento: esteja alerta aos concursos públicos. Refiro-me àqueles cujos professores da casa manipulam como peritos das trevas. Eles operam dolosamente e já prejudicaram candidatos competentes para a coisa pública. A sentença deles já está decretada, quem pagará são seus filhos e parentes até a terceira e quarta geração.

Lembre-se, Magnífica Reitora, a Sra. não é dona da universidade, apenas está para gerir os problemas que nela aparecem. Quanto ao resto, boa sorte!

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* Santareno, é pós-doutor em etno-antropo-linguística. Reside atualmente em São Paulo. Escreve regularmente neste blog.


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7 Responses to Epístola à Raimunda Monteiro

  • Se fosse para fazer uma lista das ilegalidades nos concursos da Ufopa, a lista seria grande, incluindo candidatos com ótimo currículo (até com pós-doc) ou de outros estados sendo queimados na prova escrita para evitar o confronto na prova de títulos com os currículos magrinhos dos apadrinhados de Belém e Santarém; gente de Santarém eliminada devido a ranços político-partidários (por não fazerem parte da a dos caciques do momento)…
    Isso sem falar nos que entram e am a sofrer assédio para ir embora, porque sua presença destaca seu trabalho e faz destacar também a inépcia dos acomodados.
    O que é difícil é provar.
    Esperamos que os próximos concursos sejam baseados na honestidade, escolhendo os mais capacitados, independente do lugar de onde vêm.

  • E a agora a Raimundinha arrumou um Consultor de Imagem… à distância. Aparece cada maluco nesse blog.

    SV

  • Álvaro, ouvi falar em vários casos de picaretagem que correram em concursos da UFOPA. Aliás, ainda quando a Universidade era apenas um campus da UFPA. Há o caso do professor Hugo Diniz, da Matemática, que, ainda quando era professor-substituto (ou seja, temporário) foi liberado pelo
    professor Aquino, para ir fazer pós-graduação, o que se constituiu numa tremenda de uma ilegalidade. Esse é apenas um dos casos em que o modus operandi de aldo e sua corja foram aplicados: o de comprar as pessoas. É lamentável. Espero que estudes bastante, desde já, para
    o próximo concurso e que não sejas mais vítima de picaretagem. Eu sei bem como é, pois fui vítima
    disso em um concurso em Brasília.

      1. Os piores são os que só aram em concurso por ser para vagas de Santarém, diga-se, vagas conseguidas depois de longa luta com o MEC, e se transferiram na moleza maior para Belém por ser amigos do REItor e ainda levaram a vaga

  • Espero que a nova reitora leia tudo com atenção, mesmo que não concorde com algumas colocações.

    Álvaro, uma das maneiras mais efetivas de alguns zeladores da mediocridade manterem seus nichos aqui é considerando a prova de títulos classificatória, não eliminatória (i.e., sem nota de corte) e com peso baixo na nota final, de modo que seus apaniguados com currículos ralos se safem. As provas escrita e didática, como sabes, possuem alto grau de subjetividade. De modo que, no modelo atualmente utilizado, um despreparado da inha pode vencer por larga margem alguém com lastro acadêmico-científico.

  • Acrescento a necessidade da Universidade do Oeste do Pará ter um planejamento de longo prazo, em que incluiria pensar se a localização das atuais instalações é a mais adequada. Me formei na UFSC em Florianópolis. A UFSC foi criada espalhada em prédios no centro da cidade, na década de 70 ela mudou-se para uma região a época distante. Hoje ela funciona numa verdadeira cidade universitária, um polo de desenvolvimento urbano para a cidade, que permitiu que muitas atividades, empresas que tem relação com a universidade ficassem próximas bem como muitos estudantes moraram e moram neste entorno.
    Entendo que uma grande função da Reitoria é ter um olhar para o futuro e não simplesmente ficar resolvendo “problemas”, se não nunca vai sair do “apagar de incêndios” cotidiano.

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